terça-feira, 20 de dezembro de 2011



DEUS ESTÁ ABALANDO SUA IGREJA!

       As décadas de 70 e 80 foram marcadas pelo uso da televisão para divulgação do evangelho, sobretudo, nos EUA pelos chamados "televangelistas" que surgiram para pastorear a igreja eletrônica do Séc. XX, tendo como seus principais ícones: Pat Robertson com sua rede de televisão CBN, Jim Bakker com sua rede de televisão PTL, Rex Humbard, Oral Roberts, Jimmy Sweggart, Robert Shuller, Kenneth Copeland, James Robison e muitos outros.
       Alguns alcançaram projeção mundial com a transmissão de seus programas por vários países da América Latina, África e Ásia. Alguns propagaram fortemente um evangelho de prosperidade e sucesso, como Robert Shuller com seu programa “Hora de Poder”; outros pregaram uma mensagem carismática enfatizando cura e libertação. Jimmy Sweggart, em particular ficou conhecido por combater ferozmente o comunismo, o mundanismo e muitas outras coisas. De todos eles, os que mais alcançaram popularidade no Brasil foram Rex Humbard, Pat Robertson e Jimmy Sweggart.
       Mas o que mais marcou a era dos evangelistas foi a queda de alguns deles envolvendo sexo e dinheiro no final da década de 80. Nos jornais e revistas do mundo inteiro apareceram manchetes como estas: “Guerra Santa: Dinheiro, Sexo e Poder”, “Deus e o Dinheiro: Escândalo Sexual, Luxúria e Ganância por poder Explodem o Mundo da Pregação na TV”.
(Texto extraído do livro de John Walker, “A Igreja do Século XX”, A História que não foi Contada, Editora Atos).


       Será que existe alguma diferença no cenário evangelical norte americano das décadas de 70 e 80 em relação ao cenário evangelical brasileiro contemporâneo?
       Se caminhamos pelos trilhos da sensatez, logo perceberemos que a igreja evangélica brasileira vai na mesma direção da Igreja americana da década de 80. Uma das evidências está nos escândalos causados por grande parte dos televangelistas brasileiros, envolvendo "dinheiro, sexo e poder". Tudo está diante de nossos olhos. Considerando essas verdades, urge a necessidade de fazermos a seguinte indagação: " Qual deve ser a postura da comunidade cristã de modo geral frente a essas questões?"  Devemos nos calar sob a justificativa, que não devemos tocar nos "ungidos" de Deus?, Ou, devemos num tom de puritanismo religioso dizer: "apenas oremos!" 
       Recebemos muitas coisas boas advindas dos EUA. Louvamos a Deus pelos missionários íntegros que contribuíram na evangelização de nossa nação. Entretanto, temos permitido que teologias anti-bíblicas exerçam grande influência em nossas práticas teológicas. A despeito destas coisas, posso afirmar que estamos reproduzindo os mesmos princípios que trouxeram dor e ruína para a igreja norte americana na década de 80. Pessoas frustradas, feridas e decepcionadas com a graça, estão clamando por socorro todos os dias.
       Concomitantemente em que me alegro ver televangelistas, evangelistas e comunidades cristãs, dando forte ênfase na conquista de vidas para Cristo, entristeço - me,  pelo fato de que diversas delas, estão decepcionadas e fora da igreja por haver contradição em relação ao "discurso e prática bíblica". O abuso de autoridade tem sido um dos principais vilões no seio da igreja. O espírito triunfalista, a messianidade e a ostentação por luxo, poder e riquezas têm dominado lideranças das mais diversas. Alianças e associações cristãs formam conchavos políticos e usam o rebanho de Jesus para alcançar objetivos antagônicos à sua vontade. Ainda que venhamos nos calar, "Deus não se cala!" Enquanto muitos de nós nos acovardamos e tememos o homem, "Deus já está abalando sua igreja!"
       Muitas das vezes Deus age por meio do "pneuma" que é o conceito do novo testamento para um espírito manso e encorajador. Todavia, Ele é também "ruach", que é a palavra do velho testamento para "bramido, um vento destruidor". É bem provável que a igreja brasileira, esteja prestes a experimentar esta ação poderosa de Deus. É questão de tempo para o Ruach de Deus trazer a tona todas às obras das trevas em nosso cenário evangelical brasileiro. Os ministros do evangelho ditadores, gananciosos, fraudulentos e mentirosos, serão expostos pela mídia nacional como nunca houve antes em nossa nação. "Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz a igreja."



Marco Mardine - Bacharel em Teologia (Fathel/Unifil), Bacharel em Filosofia (Faculdade Sinal), Licenciado em Filosofia (ISCH) e Pós-Graduado em Ciências da Religião (Faculdade Sinal).

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

“O CAPITALISMO E A ÉTICA EVANGELICAL”

Segundo o economista e sociólogo alemão Max Weber em seu enunciado histórico intitulado: A Ética protestante e o “Espírito” do Capitalismo (Die protestantische Ethik und der ‘Geist’ des Kapitalismus) é defendido pelo autor o estabelecimento de um raciocínio lógico capitalista, que o mesmo denomina “racionalismo”. O autor parte desse pressuposto, após a leitura realizada através da comparação da Alemanha do período com outros países civilizados do planeta em condição de desenvolvimento semelhante, ou seja, com a existência do capitalismo e empresas capitalistas, sendo identificado no capitalismo, uma estrutura social, política e ideológica ímpar, que pode se ditar como a condição ideal para o surgimento do capitalismo moderno, que no seu interior, defende a paixão pelo lucro como demonstração de prosperidade, fé e salvação.

Para Weber, após a reforma de Lutero, surge uma forma de vida de caráter metódico, disciplinado e racional. Da base moral do protestantismo surge não só a valorização religiosa do trabalho e da riqueza, mas também uma forma de vida que submete toda a existência do indivíduo a uma lógica férrea e coerente: uma personalidade sistemática e ordenada. Segundo o artigo sobre “Reforma Protestante” de Pedro Camargo, Parece contraditório, mas a questão econômica foi à razão da reforma protestante, sendo que os seus precursores usando de seus poderes, religiosos, e políticos, propuseram inconscientemente uma alteração na estrutura jurídica, para justificar o novo sistema econômico que nascia o Capitalismo.

Segundo Camargo, este sistema que se utilizou todos meios para se manter até os dias atuais, parece que se transforma com a sociedade, e a mantém refém da economia de mercado, onde o ter é a palavra de ordem, já o ser é fruto de mentes desocupadas e fora da realidade do mundo capitalista. Partindo deste pressuposto, é válido estabelecer um pensamento crítico à axiologia do movimento evangelical contemporâneo, ou seja, sobre os valores que sociabilizam ao processo do Kerigma na Eclésia. De forma simplória, quero problematizar a questão em nosso contexto evangélical, fazendo a seguinte pergunta: Qual tem sido o verdadeiro valor para o evangelicalismo brasileiro?

Será que é o amar a Deus e ao próximo conforme Jesus nos ensinou de forma imperativa? Ou será que é o apego ao materialismo numa espécie de hedonismo desenfreado?

Tenho observado em nossos dias atuais, o quanto a sociedade vem passando pelo processo de mudanças rápidas. Concomitantemente, noto que a igreja não tem conseguido acompanhar essas mudanças sem perder seus princípios e valores de fé pautados na ortodoxia bíblica. Deveríamos a exemplo dos primeiros cristãos, mantermo-nos firmes e fiéis à doutrina dos apóstolos. Entretanto, o que temos são novas doutrinas, novos movimentos, novas igrejas e uma nova ordem para todas as coisas. As pessoas são vistas como cifras numéricas e valorizadas segundo o que elas possuem. O homem não tem tido seu valor pelo que é. Muitos de nossos líderes cristãos, tem se preocupado com a evangelização numa perspectiva de crescimento quantitativo para o aumento na arrecadação orçamentária de sua comunidade eclesial. Entendo que não há como desassociar a igreja institucional da realidade capitalista, pois essa é uma estrada sem volta. Ainda que a igreja quanto instituição declare não ter fins lucrativos, a mesma precisa do capital para sobreviver. Tudo acaba girando em torno do lucro. Entretanto, não podemos fazer disso uma justificativa para comercializarmos vidas que buscam na igreja refrigério para sua alma, ensinando-lhes que quem der mais será abençoado, pois isso solapa a boa fé das pessoas trazendo-lhes desconforto espiritual e emocional. Podemos sim de forma bíblica, ensiná-las que a generosidade e liberalidade, são manifestações de nossa gratidão a Deus porquanto tudo que tem feito. Não investimos na obra de Deus para sermos ricos, e sim por que já somos ricos pela graça do Eterno! (Grifo do autor).

Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro. (Fp.1:21)



quinta-feira, 14 de abril de 2011

Uma análise eclesiológica à partir da Transcendentalidade e Mundanidade




“Primeiramente, digo que me situo entre aqueles que creem na transcendentalidade. Segundo, me situo entre aqueles que crendo na transcendentalidade não dicotomizam a transcendentalidade da mundanidade.” 
(Paulo Freire)

Refletindo as palavras deste grande educador pernambucano Paulo Freire. Tive um insight sobre a importância do altruísmo cristão a partir da realidade vivida em nosso contexto evangelical. Não são poucas as vezes que nos deparamos com uma proposta de fé centrada apenas no transcendente. Não devemos ser céticos quanto ao mover sobrenatural do Eterno. Entretanto, devemos acreditar na salvação redentiva numa perspectiva de integralidade. A existência do transcendente tem sido sem sombra de dúvida, algo visível na vida e história da igreja cristã por meio do dunamis derramado no dia de pentecostes. Porém, não se pode negar diante das escrituras, que tal “poder” tenha se limitado as questões transcendentais, tais como: Línguas de fogo, curas, milagres, sinais e prodígios realizados pelas mãos dos apóstolos. Pois em contrapartida, o texto de atos no capítulo 6, menciona a preocupação dos doze em relação ao problema social existente naquela ocasião. Tanto é que nomearam homens cheios de “dunamis” para tal serviço. O que vemos e ouvimos muitas das vezes em nosso sistema evangelical, é uma teologia inóspita, ou seja, sem refúgio para os desesperançosos (grifo do autor). O evangelicalismo por conta de sua teologia simplista em grande parte divorcia o transcendente do terreno. Sua proclamação é completamente incoerente frente ao kerigma do Reino. Dificilmente teremos êxito no cumprimento da Missio dei, se não houver um olhar mais crítico quanto a nossa teologia no interior e fora da Eclésia. Segundo Gutiérrez, é somente como pensamento crítico a teologia pode superar o vício em que frequentemente cai de ser ingênua e inocente.
Por Marco Mardine - Bacharel em Teologia, Bacharel e Licenciado em Filosofia e Pós-Graduado em Ciências da Religião.

sábado, 19 de março de 2011

A INFLUÊNCIA DO PAI NA VIDA DO FILHO (legendado)

O IBGE E O FRACASSO DA TEOLOGIA DA PROSPERIDADE


O IBGE publicou uma informação que desconstrói totalmente o pressuposto neopentecostal de prosperidade. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística as famílias chefiadas por uma pessoa que segue a religião espírita têm maior rendimento médio mensal (R$ 3.796) do que as mantidas por um evangélico pentecostal (R$ 1.271), segundo Pesquisa de Orçamentos Familiares.

O analista socioeconômico do IBGE, José Mauro de Freitas Júnior, diz que a escolaridade entre as religiões influenciou nos resultados. "Os maiores rendimentos são dos espíritas muito provavelmente, porque eles têm um grau de escolaridade maior do que os evangélicos pentecostais, que ficaram com a menor renda. Também temos que levar em consideração que as famílias espíritas têm menor concentração de integrantes, 2%, enquanto que as evangélicas de origem pentecostal representam cerca de 11%", afirmou Freitas. Em relação às despesas, a pesquisa apontou que as famílias com maiores gastos total também foram aquelas chefiadas por espírita (R$ 3.617), enquanto as com menores gastos foram as evangélicas pentecostais (R$ 1.301). A maior proporção de famílias (74%) são da religião católica apostólica romana, e seu rendimento médio é de R$ 1.790. Os evangélicos, em geral, atingiram um rendimento médio familiar de R$ 1.500 e representou 17% do grupo familiar entrevistado.

O estudo também se referiu ao item de gastos com pensões, mesadas e doações para as respectivas religiões. As famílias de origem evangélica pentecostal atingiram 21,4 % de despesas com doações (R$ 23), as pertencentes a evangélica de missão atingiram 21,9% (R$ 58) e as outras evangélicas 34% (R$ 59). Outro destaque da pesquisa foi com o item impostos, cuja referência espírita investiu 44,2% (R$ 236), cerca de três vezes a média do Brasil (R$ 79), brasileiros de outras religiões gastaram 42,9% e os que se declaram sem-religião e não-determinada 42,7%.

A pesquisa em questão serviu para confirmar que a prosperidade não é conquistada mediante a obediência de rituais mágicos e catársicos onde as bênçãos de Deus são trocadas ou vendidas por generosas contribuições financeiras.

Caro leitor, é possível que ao ler esta afirmação você esteja dizendo com seus botões: Ué, por que então os pastores da teologia da prosperidade são tão prósperos? "Elementar meu caro Watson", a prosperidade desta corja se deve exclusivamente a venda de milagres, bençãos e indulgências.

Prezado amigo, do ponto de vista bíblico a prospridade não se dá mediante o toma-lá-dá-cá. Na verdade, as Escrituras nos ensinam que a prosperidade se dá ao trabalho. O reformador francês João Calvino acreditava que o homem possuía a responsabilidade de cumprir a sua vocação através do trabalho. Na visão de Calvino, não existe lugar para ociosidade em nossas agendas. E ao afirmar isto, o reformador francês, não estava a nos dizer de que homem deva ser um ativista, ou até mesmo um tipo de worhaholic. Na verdade, Calvino acreditava que a prosperidade era possível desde que fosse consequência direta do trabalho.

Acredito profundamente que se quisermos que nossas familias experimente prosperidade torna-se ncessário que invistamos em pelo menos dois aspectos:

1- Aumento de escolaridade.

Uma das principais marcas de um povo desenvolvido é educação. Infelizmente por fatores diversos, milhões de pessoas em nosso país vivem a margem da sociedade simplesmente pelo fato de terem abandoram a escola. Tenho plena convicção que ao voltar a sala de aula o crente será abençoado por Deus dando-lhe assim novas ferramentas que o ajudarão a experimentar a tão sonhada prosperidade.

2- Melhor qualificação profissional.

Prosperidade se dá mediante o trabalho. Invista na sua profissão. Faça cursos, participe de simpósios, leia muito e aprenda com quem sabe. Nesta perspectiva, seja o melhor sapateiro, eletricista, pedreiro, médico, dentista, advogado, professor e experimente das bênçãos do Senhor.

Caro leitor, tenho plena convicção que se desejarmos construir um país decente e sério, necessitamos romper com alguns paradigmas que nos cercam. Nações bem sucedidas são aquelas que se empenham na construção de valores e conceitos como honestidade, equidade, ética e retidão.

Infelizmente no país do gospel e do decreto espiritual apóstolico, o trabalho nem sempre é visto com bons olhos, até porque nesta perspectiva neo pentecostal, o trabalho foi feito para gente miserável e desqualificada que precisa sobreviver.

Isto posto, afirmo que o tempo de mudarmos nossos conceitos e valores é esse, além é claro de semear no coração do crente em Jesus , a idéia de que o trabalho é reflexo de uma grande bênção divina, a qual deve ser valorizado e dignificado.

Soli Deo Gloria,

Renato Vargens