sábado, 21 de fevereiro de 2015

Evangelho da Graça - Discurso e Prática



“Somente os tolos exigem perfeição, os sábios se contentam com a coerência.” (Provérbio Chinês)

“Nem sempre reconhecer nossas imperfeições é uma questão de virtude, pois, apesar disso ser um princípio verdadeiro, o que de fato fala mais alto é a coerência entre o discurso e a prática.” (grifo do autor).

Falamos sobre amor, respeito, santidade, espiritualidade, humildade, altruísmo e outras coisas mais, entretanto, de forma vazia e sem vida, cujo resultado comumente se desemboca apenas em figura de retórica.

Em algum momento nos meus 25 anos como pregador do evangelho, agi em contraposição aos ensinos das escrituras sagradas. Sempre procurei colocar bem as palavras enunciadas de forma que os ouvintes pudessem entender com clareza. Isso não é errado, porém, quando não há coerência entre o discurso e a prática, isso se torna sem sentido. É o mesmo quando afirmarmos que tal comida é boa sem a termos saboreado.

Apesar da real convicção de fé no Salvador Jesus, num determinado momento da vida, minha religião pessoal não conseguiu resistir sua maravilhosa graça. Seus ensinos, além de trazer alento à minha alma, me confrontaram de tal maneira que cedi, erradicando de cena meus achismos e teologismos.  Fui banhado por sua luz que me trouxe entendimento sobre o tipo de evangelho que estava vivendo. Na realidade, vivia o meu próprio evangelho. adequava-o a meus próprios interesses, a minha própria religião.

Quando confrontado pela simplicidade da graça no evangelho de Cristo, aprendi então que deveria assumir minhas culpas, pedir perdão a quem de direito, me esforçar para ser um cristão melhor. A partir desta sinergia com a graça, passei a viver sem crises existenciais, sem medo de Deus e dos homens, sobretudo como gente, gente que sente que fracassa que chora que entristece que se aborrece, todavia, quando tocado por essa graça no caminho, se arrepende, se desnuda, confessa, se lança no pó e abraça fortemente o grande porto seguro: a cruz de Cristo.

O cristianismo não é meramente uma religião ou sistema dogmático elaborado pelas instituições cristãs, e sim, uma caminhada com Cristo no mais íntimo do ser. A síntese disso tudo é que quando vivemos imersos em Cristo através de uma vida alinhada coerentemente à sua palavra e não na religião ou dogmas de homens, desfrutamos da verdadeira liberdade proposta pelo Messias salvador no cume do calvário.


Sola Gratia!

Marco Mardine - Bacharel em Teologia, Bacharel e Licenciado em Filosofia e Pós Graduado em Ciências da Religião.

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